segunda-feira, 14 de outubro de 2013

imperio espanhol

É denominado Império Espanhol o conjunto de territórios conquistados, herdadose reclamados pela Espanha ou pelas dinastias reinantes na Espanha, entre os séculos XVI e XX, abrangendo países agora independentes na EuropaAméricas,ÁfricaÁsia e Oceania; ainda que em alguns deles, tais como as grandes pradarias da América do Norte ou a mais ao sul da América do Sul, a presença estável espanhola foi muitas vezes mais teórica que real. Alcançou os 21 milhões de quilômetros quadrados ao final do século XVIII. Durante os séculos XVI e XVII criou-se uma estrutura própria não sendo chamado de império colonial até o ano de 1768, sendo no século XIX quando adquire estrutura puramente colonial.
Localização de Império Espanhol
Não existe uma postura unânime entre os historiadores sobre os territórios concretos possuídos pela Espanha porque, em ocasiões, fica difícil delimitar se determinado lugar era parte da Espanha ou formava parte das possessões do rei da Espanha, especialmente em uma época em que não estava clara a diferença entre as possessões do rei e as do país aonde residia, como tampouco a herança e finanças. Assim, tradicionalmente se consideram os Países Baixos como parte do mesmo (tese majoritária na Espanha e nos Países Baixos entre outros); mas existem autores como Henry Kamen que proclamam que esses territórios nunca se integraram ao Império Espanhol, e sim nas posses pessoais dos Austrias.
Os espanhóis começaram as suas explorações pelo ocidente, com a descoberta das Índias Ocidentais por Cristóvão Colombo, em 1492 e iniciaram imediatamente a colonização forçada do continente americano. Em meados do século XVI, a Espanha controlava quase toda a zona costeira das Américas, desde o Alasca à Patagônia, no ocidente, e desde o atual estado estadunidense da Geórgia, toda a América Central e o Caribe até a Argentina – com excepção do Brasil, pertencente a Portugal (ver Tratado de Tordesilhas).

O Século de Ouro (1521-1643)

O período a partir da segunda metade do século XVI e a primeira do século XVII é conhecido como o Século de Ouro pelo florescimento das artes e das ciências.
Durante o século XVI, a Espanha chegou a ter uma verdadeira fortuna em ouro e prata extraídos das "Índias". Foi dito durante o reinado de Filipe II que "o Sol não se punha no Império", porque ele era suficientemente espalhado pelo mundo, que teria sempre uma área com luz solar. Este império, impossível de governar, tinha o seu centro em Madri sede da Corte de Filipe II, sendo Sevilha o ponto fundamental a partir do qual se organizavam as possessões ultramarinas.
Retrato de Carlos I porTiziano.
Como resultado dos casamentos política dos Reis Católicos e dos casamentos estratégicos de seus filhos, seu neto, Carlos I herdou a Coroa de Castela na Península Ibérica e uma nascente império castelhano na América (herdada de sua avó Isabel); as possessões da Coroa de Aragão no Mediterrâneo italiano e ibérico (de seu avô Fernando); as terras dos Habsburgo na Áustria, na qual ele incorporou a Boêmia e a Silésia tornando-se depois de uma acirrada eleição com Francisco I da França, imperador do Sacro Império Romano-Germânico, com o nome de Carlos V da Alemanha; além dos Países Baixos no qual conquistou novas províncias e o Franco Condado, herdado da sua avó Maria de Borgonha; conquistou pessoalmente a Tunísia e numa disputa com a França a região da Lombardia. Era um império constituído por um conglomerado de territórios herdados, anexados ou conquistados.
A dinastia Habsburgo gastava as riquezas castelhanas (já desde o tempo de Carlos V, mas em maior quantia depois de Filipe II), as americanas, em guerras por toda a Europa com o objetivo principal de proteger os territórios adquiridos, os interesses dos mesmos, a causa católica e, por vezes, apenas por interesses dinásticos. Tudo isso levou a freqüente falta de pagamento das dívidas aos banqueiros, o primeiro aos alemães e posteriormente aos genoveses, e levou a Espanha à falência. Os objetivos políticos da Coroa eram vários:
  • Acesso aos produtos americanos (ouro, prata) e asiáticos (porcelanaespeciarias seda).
  • Deteriorar o poder da França e interrompê-la em suas fronteiras orientais.
  • Manter a hegemonia dos católicos Habsburgo na Alemanha, defendendo o catolicismo contra a Reforma Protestante.
  • Para defender a Europa contra o Islã, especialmente impondo-se ao Império Otomano. Além disso, esforçou-se para neutralizar apirataria berbere, que assolava as possessões espanholas e italianas do Mediterrâneo.
Confrontados com a decisão de Carlos I de concentrar a maioria das causas de seu império no mais rico de seus reinos, o de Castela, no qual não agradava aos castelhanos que não queriam contribuir com ouro, prata ou cavalos para as guerras europeias que eram lutadas no estrangeiro, e afrontados com um crescente absolutismo por parte do rei começou uma insurgência que ainda é celebrada todos os anos chamada Guerra dos Comuneros, em que os rebeldes foram derrotados. Carlos I da Espanha e logo V da Alemanha, em seguida, tornou-se o homem mais poderoso da Europa em um império europeu que só seria comparável em tamanho ao de Napoleão. O imperador tentou acabar com a Reforma Protestante na Dieta de Worms, mas Lutero renunciou-se a renegar sua heresia. Ferrenho defensor dos católicos, durante o seu reinado se produziu, no entanto, o que foi apelidado de saque de Roma, quando as suas tropas fora de controle, atacaram a Santa Sé após o Papa Clemente VII se juntar à Liga de Cognac contra ele.
Apesar do fato de Carlos I ser flamenco e sua língua materna era o francês, passou por um processo de espanholização ou mais especificamente, castelhanização. Então, quando ele conheceu o papa, falou em espanhol e depois, quando ele recebeu o embaixador da França, o diplomata ficou surpreso que ele não usara sua língua materna, no que o imperador lhe respondeu: "Não me importa que não me entendas. Falo em minha língua espanhola, que é tão bela e nobre que deveria ser conhecida em toda a cristandade". Esta frase tocou o íntimo dos espanhóis e, séculos mais tarde, ainda usa-se o ditado "Que fale em cristão", quando um espanhol pretende traduzir o que ele disse.

Da batalha de Pavia para a Paz de Augsburgo (1521-1555)

Na América, depois de Colombo, a colonização do Novo Mundo passou a ser dirigida por uma série de guerreiros-exploradores conhecidos como os Conquistadores. Algumas tribos indígenas estavam algumas vezes em guerra umas com as outras e muitos delas se mostraram dispostas a formar alianças com os espanhóis para derrotar os inimigos mais poderosos como os Astecas ou osIncas. Este feito foi facilitado pela propagação de doenças comuns na Europa (por exemplo, varíola), mas desconhecidas no Novo Mundo, que dizimou os povos nativos da América.
Vice-Reino da Nova Espanha, fruto das conquistas de Hernán Cortés, entre muitos outros, tais como Miguel López de Legazpi e Juan Ponce de León.
Os conquistadores mais bem sucedidos foram Hernán Cortés, que entre 1519 e1521, com cerca de 200.000 aliados ameríndios, derrotou o Império Asteca, num momento que este foi arrasado pelovaríola,3 e conquistou o México, que se tornaria a base do Vice-Reino da Nova Espanha. E Francisco Pizarro que venceu oImpério Inca em 1531 quando ele estaca profundamente desorganizado por causa da guerra civil e da epidemia de varíola de1529.4 Esta conquista se tornaria o Vice-reinado do Peru.
Após a conquista do México, as lendas sobre as cidades 'douradas' (Cibola naAmérica do NorteEl Dorado na América do Sul) originou numerosas expedições, mas muitas delas voltaram sem encontrar nada, e as que encontraram algo era com muito menos valor do que o esperado. No entanto, a extração de ouro e prata foi uma atividade econômica importante do Império Espanhol na América, estimado em 850.000 quilos de ouro e mais de cem vezes essa quantidade em prata durante o período colonial.5 O comércio de outras mercadorias não foi menos importante, como a cochonilha, a baunilha, o cacau, o açúcar (a cana de açúcar foi trazida para a América, onde ela era mais produtiva que no sul da península, onde havia sido introduzida pelos árabes).
A exploração deste novo mundo, conhecida como Índias Ocidentais foi intensa, realizando proezas como a primeira circum-navegação do globo em 1522 por Juan Sebastián Elcano ( que substituiu Fernando de Magalhães, promotor da expedição que morreu no caminho).
Na Europa, sentindo-se pressionado pelas posses dos Habsburgo, Francisco I da França invadiu em 1521 as possessões espanholas na Itália e iniciou uma nova era de hostilidades entre a França e a Espanha, restando a Henrique II de Navarra, para recuperar o reino conquistado pelos espanhóis. Um levantamento da população de Navarra, na entrada da cidade, de 12.000 homens comandados pelo general Asparrots, Andrés de Foix, recuperou em poucos dias todo o reino com poucas vítimas. Mas o exército imperial foi reconstituído rapidamente, formando cerca 30.000 soldados bem equipados, incluindo muitos dos comuneros presos que o fizeram para reduzir suas penas. O general Asparrots, em vez de consolidar o reino, foi sitiar Logroño, no qual os Navarro-gascones sofreram uma severa derrota na sangrenta Batalha de Esquiroz, deixando o controle da Navarra nas mãos da Espanha.
Por outro lado, na fronte da guerra da Itália, foi um desastre para a França, que sofreu grandes derrotas em Bicocca (1522), Pavia(1525) - em que Francisco I e Henrique II foram capturados - e Landriano (1529) antes que Francisco I vacilasse e deixasse Milão cair novamente em domínio espanhol.
A vitória de Carlos I, na Batalha de Pavia em 1525, surpreendeu muitos italianos e alemães, em demonstrar o seu empenhamento em obter o máximo possível de poder. O Papa Clemente VII mudou de lado, e juntou forças com a França e os Estados emergentes italianos contra o Imperador, na Guerra da Liga de Cognac. A a Paz de Barcelona, assinada entre Carlos I e o Papa, em 1529, estabeleceu uma relação mais cordial entre os dois governos e de fato, clamava a Espanha como defensora da causa católica e reconhecia Carlos como Rei da Lombardia em recompensa pela intervenção espanhola contra a rebelde República de Florença.
Em 1528, o grande almirante Andrea Doria se aliou com o Imperador para derrotar a França e restabelecer a independência genovesa. Isto abriu uma nova perspectiva: neste ano aconteceu o primeiro empréstimo dos bancos genoveses a Carlos I.
A colonização americana continuava a todo vapor. Santa Fé de Bogotá foi fundada durante a década de 1530 e Juan de Garay fundou Buenos Aires em 1536. Na década de 1540Francisco de Orellana explorou a selva e chegou à Amazônia. Em 1541Pedro de Valdivia, continuou a exploração de Diego de Almagro a partir do Peru, e instituiu a Capitania Geral do Chile. Nesse mesmo ano, foi concluída a conquista do Império Muisca, que ocupava o centro da Colômbia.
Como consequência da defesa que a Escola de Salamanca e Bartolomé de las Casas fizeram dos nativos, a Espanha teve pressa de fazer leis para protegê-los em suas colônias americanas. As Leis de Burgos de 1512 foram substituídas pelas Leis Novas das Índia sem 1542. No entanto, muitas vezes eram muito difíceis de pôr em prática essas leis, um padrão seguido por outras nações européias.
Em 1543, Francisco I da França anunciou uma aliança sem precedentes com o sultão otomano Solimão, o Magnífico, para ocupar a cidade de Nice, sob controle espanhol. Henrique VIII da Inglaterra, que tinha mais rancor contra a França do que contra o Imperador, apesar da oposição deste ao divórcio de Henrique com sua tia, se uniu com o imperador na sua invasão da França. Embora as tropas imperiais tenham sofrido algumas derrotas como em Ceresole, o Imperador conseguiu que a França aceitasse as suas condições. Osaustríacos, liderados pelo irmão mais novo do Imperador Carlos, continuaram lutando contra o Império Otomano pelo leste. Enquanto isso, Carlos I se preocupou em solucionar um velho problema: a Liga de Esmalcalda.
Mapa dos domínios dos Habsburgo na Europa após a Batalha de Mühlberg em 1547.
A Liga tinha como aliados os franceses, e os esforços para minar a sua influência na Alemanha foram rejeitadas. A derrota francesa em1544 quebrou sua aliança com os protestantes e Carlos I se aproveitou dessa oportunidade. Primeiro tentou a via da negociação no Concílio de Trento em 1545, no entanto os líderes protestantes, sentindo-se traídos pela atitude dos católicos no concílio, foram para a guerra liderados por Maurício de Sajonia. Em resposta, Carlos I invadiu a Alemanha à frente de um exército hispano-holandês. Ele esperava restaurar a autoridade imperial. O imperador pessoalmente impôs uma derrota decisiva aos protestantes, a histórica Batalha de Mühlberg em 1547. Em 1555 assinou a Paz de Augsburgo com os estados protestantes, que restaurou a estabilidade na Alemanha, ao abrigo do princípio Cuius regio, eius religio ( "Quem tem a região impõe religião"), uma posição impopular entre os cleros italiano e espanhol. O empenho de Carlos na Alemanha concedeu à Espanha o papel de defensor da causa católica dos Habsburgo no Sacro Império Romano-Germânico.
Entretanto, o Mediterrâneo se tornou um campo de batalha contra os turcos, que incentivavam piratas como Barbarossa. Carlos I preferiu eliminar os otomanos através da estratégia marítima, através de ataques em seus assentamentos nos territórios venezianos do leste do Mediterrâneo. Apenas em resposta aos ataques na costa de Levante, o Imperador conduziu pessoalmente ofensivas no continente africano com expedições em TúnisBona ( 1535) e Argel (1541).

O Reino em apuros (1571-1598)

O tempo de alegria em Madri durou pouco. Em 1566, os calvinistas tinham iniciado uma série de rebeliões nos Países Baixos que fizeram com que o rei enviasse o Duque de Alba para a área. Em 1568Guilherme I de Orange-Nassau liderou uma tentativa fracassada de por o Duque de Alba no comando do país. Estas batalhas são consideradas o início da Guerra dos Oitenta Anos, que terminou com a independência das Províncias Unidas. Filipe II, que tinha recebido de herança de seu pai, os territórios da Casa da Borgonha (Países Baixos e o Franco Condado), de modo a que a poderosa Castela defendesse o império da França, ele foi forçado a restabelecer a ordem e manter o seu domínio sobre esses territórios. Em 1572, um grupo de navios rebeldes holandeses conhecidos como os watergeuzen, tomaram várias cidades costeiras, proclamaram o seu apoio para Guilherme I e rejeitaram o governo espanhol.
Para a Espanha a guerra se tornou um assunto sem fim. Em 1574, os Terços de Flandres, sob o comando de Luis de Requesens, foram derrotados no Cerco de Leiden depois que os holandeses romperam os diques, causando enormes inundações.
Em 1576, sobrecarregados pelo custo da manutenção de um exército de 80.000 homens na Holanda e a sua grande frota que venceu em Lepanto, juntamente com a crescente ameaça da pirataria no Atlântico e, sobretudo, dos naufrágios que reduziam as chegadas de dinheiro das colônias americanas, Filipe II foi forçado a declarar uma suspensão de pagamentos (que foi interpretado como falência).
O exército se amotinou pouco tempo depois, apoderando-se de Antuérpia e saqueando o sul dos Países Baixos, fazendo várias cidades, que até então tinham permanecido leais, se juntasse à rebelião. Os espanhóis escolheram o caminho da negociação e conseguiram pacificar a maior parte das províncias do sul com a União de Arras em 1579.
O acordo exigia que todas as tropas espanholas deixassem aquelas terras, o que fortaleceu a posição de Filipe II foi quando em 1580, morreu sem descendentes diretos o último membro da família real de Portugal, o Cardeal Henrique I de Portugal. O Rei de Espanha, filho de Isabel de Portugal e, portanto, neto do rei Manuel I afirmava a sua reivindicação ao trono Português, e em junho enviou o Duque de Alba e seu exército à Lisboa a fim de assegurar a sucessão. O outro pretendente, Dom Antonio, recuou para os Açores, quando a Marinha de Filipe terminou de derrotá-lo.
A unificação temporal da Península Ibérica colocou nas mãos de Filipe II o Império Português, ou seja, a maior parte do território explorado no Novo Mundo além das colônias comerciais na Ásia e na África. Em 1582, quando o Rei regressou da corte de Lisboa para Madri, onde ele estava morando temporariamente para pacificar o seu novo reino, ele decidiu fortalecer o poder naval espanhol.
A Espanha estava ainda se recuperando da bancarrota de 1576. Em 1584, Guilherme I de Orange-Nassau foi assassinado por um católico transtornado. Esperava-se que a morte do líder da resistência popular significou o fim da guerra, mas não aconteceu. Em 1586, a rainha Elizabeth I da Inglaterra enviou apoiar às causas protestantes nos Países Baixos e na França, e Sir Francis Drake lançou ataques contra os portos e navios mercantes espanhóis no Caribe e no Pacífico, além de um ataque particularmente agressivo contra o porto de Cádiz.
Em 1588, na esperança de acabar com os intrometimentos de Elizabeth I, Filipe II enviou a "Invencível Armada" para atacar a Inglaterra. A resistência da frota inglesa, uma série de fortes tempestades, problemas de coordenação entre os exércitos envolvidos e importantes falhas logísticas no abastecimento da frota que tinha que fazer na Holanda levou à derrota da Armada Espanhola.
A derrota da Invencível Armada.
No entanto, a derrota da Marinha Inglesa liderada por Drake e Norris, em 1589, marcou uma virada na Guerra Anglo-Espanhola a favor da Espanha. Apesar da derrota da Grande Armada, a frota espanhola continuou a ser a mais forte nos mares da Europa durante anos, embora tenha sido derrotada pelos holandeses em 1639 na batalha naval das Dunas, quando uma visivelmente esgotada Espanha começou a se enfraquecer.
A Espanha participou das guerras religiosas francesas após a morte de Henrique II. Em 1589, Henrique III de França, a última da linhagem dos Valois, morreu às portas de Paris. O seu sucessor, Henrique IV da França e III de Navarra o primeira Rei Bourbon da França, era um homem muito hábil, conseguindo vitórias chave contra a Liga Católica em Arques(1589) e em Ivry (1590). Empenhados em impedir que Henrique IV tomasse posse do trono francês, os espanhóis dividiram o seu exército nos Países Baixos e invadiram a França em 1590. Envolvidos em múltiplas frentes, a potência espanhola não podia impor a sua política sobre o território francês e chegou finalmente a um acordo na Paz de Vervins

O caminho à Rocroi (1626–1643)

Olivares era um homem adiantado para seu tempo e se deu conta de que a Espanha necessitava de uma reforma que, por sua vez, necessitava de paz. A destruição das Províncias Unidas foi mais uma razão de tal necessidade, já que por trás de qualquer ataque aos Habsburgo havia dinheiro holandês. Spinola e o exército espanhol concentraram-se nos Países Baixos e a guerra pareceu ocorrer a favor da Espanha, retomando-se Breda. Ocorreu também uma batalha em alto mar contra a frota holandesa, que ameaçava as posições espanholas. Assim, a presença holandesa em Taiwan e sua ameaça sobre as Filipinas levaram a ocupação do norte da ilha, sendo fundada a cidade de Santíssima Trinidad (atual Keelung) no ano de 1626 e Castillo (atual Tamsui) em 1629.
Em 1627 ocorreu a queda da economia castelhana. Os espanhóis haviam diminuído o valor de sua moeda para pagar a guerra e a inflação que explodiu na Espanha, como antes havia acontecido na Austria. Até 1631, em algumas partes de Castela, o comércio funcionou através do sistema de escambo, devido à crise monetária, e o governo foi incapaz de aumentar os impostos dos camponeses das colônias. Os exércitos espanhóis na Alemanha optaram por pagar a si mesmos. Olivares foi culpado por uma vergonhosa e improfícua guerra na Itália. Os holandeses haviam convertido sua frota em uma prioridade durante a Trégua dos Doze Anos e ameaçaram o comércio marítimo espanhol, do qual a Espanha estava totalmente dependente devido à crise econômica; em 1628 os holandeses acurralaram a Frota das Índias provocando o Desastre de Matanças, a carga de metais preciosos que era fundamental para o sustentamento do esforço bélico do Império foi capturada e a frota que a transportava totalmente destruída, com parte das riquezas obtidas pelos holandeses usada para iniciar uma bem sucedida invasão ao Brasil.
Guerra dos Trinta Anos também se agravou quando, em 1630Gustavo II Adolfo da Suécia desembarcou na Alemanha para socorrer o porto de Stralsund, última baluarte continental dos alemães beligerantes contra o Imperador. Gustavo II Adolfo marchou até o sul e obteve notáveis vitórias em Breitenfeld e Lützen, atraindo numerosos apoios para os protestantes por onde passavam.
A situação para os católicos melhorou com a morte de Gustavo II Adolfo, precisamente em Lützen em 1632 e a vitória na Batalha de Nördlingen em 1634. Desde uma posição de força, o Imperador teve como intenção pactuar a paz com os estados que foram atacados na guerra de 1635; muitos aceitaram, incluindo alguns dos mais poderosos: Brandemburgo e Saxônia. A França, então, tornou-se o maior problema para o Império.
Cardeal de Richelieu havia sido um grande aliado dos holandeses e dos protestantes desde o começo da guerra, enviando fundos e equipamento para tentar quebrar a força dos Habsburgo na Europa. Richelieu decidiu que a Paz de Praga, recentemente firmada, era contrária aos interesses da França e declarou guerra ao Sacro Império Romano-Germânico e à Espanha dentro do período estabelecido de paz. As forças espanholas, mais experientes, obtiveram êxitos iniciais: Olivares ordenou uma campanha relâmpago no norte da França desde os Países Baixos espanhóis, acreditando em acabar com o propósito do rei Luís XIII e derrotar a Richelieu.
Em 1636, as forças espanholas avançaram desde o sul até chegar a Corbie, ameaçando Paris e chegando muito perto de concluir a guerra a seu favor. Depois de 1636, Olivares teve medo de provocar outra crise econômica na Espanha e o exército espanhol parou de avançar. Na derrota naval das Dunas em 1639, a frota espanhola foi aniquilada pela armada holandesa e os espanhóis deram conta de que estavam incapazes de abastecer suas tropas nos Países Baixos.
Em 1643 o exército de Flandres, que constituía a menor da infantaria espanhola, enfrentou um contra-ataque francês em Rocroiliderado por Luis II de BourbonPríncipe de Condé. Embora fontes francesas do século XIX, e sobretudo as fontes originais, sempre informaram de que os espanhóis, liderados por Francisco de Melo, não foram nem um pouco arrasados, a propaganda logo conseguiu um notável sucesso mentindo sobre aquela vitória A infantaria espanhola foi seriamente danificada mas não destruída, mil mortos e dois mil feridos de um total de 6.000 soldados dos terços, os terços resistiram três ataques conjuntos da infantaria, artilharia e cavalaria francesas sem perder a integridade. Esgotados ambos os lados, acabou sendo negociada a rendição e o cerco foi levantado. A batalha teve poucas repercussões em curto prazo, mas um impacto tremendo a nível propagandístico.
A grande habilidade do cardeal Mazarin para planejar esta vitória conseguiu danificar a reputação dos Terços de Flandres, criando um mito que ainda permanece; o de uma vitória na que, para saber o número de inimigos a que foram enfrentados, os franceses somente tinham que contar os mortos. Tradicionalmente, os historiadores tratam a Batalha de Rocroi 

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